A importância do Mindfulness
Nos últimos anos, o interesse pelo mindfulness tem crescido significativamente entre os profissionais de saúde mental, que cada vez mais demonstram entusiasmo em aprender suas técnicas e integrá-las ao trabalho terapêutico. Originado em diversas tradições contemplativas e filosóficas, como o budismo, o mindfulness transcende especificidades culturais e religiosas, podendo ser praticado de forma independente por qualquer indivíduo.
O desenvolvimento científico nessa área ganhou destaque a partir dos anos 1970, especialmente com estudos pioneiros como os de Herbert Benson sobre a “Resposta de Relaxamento” e as contribuições de Ainslie Meares, que introduziu a meditação clínica para controle da dor, ansiedade e manejo do câncer na Austrália.
A essência do mindfulness reside na capacidade de “prestar atenção de maneira particular: com propósito, no momento presente e sem julgamento”. Esta prática envolve cultivar uma consciência consciente e receptiva, contrastando com o funcionamento mental automático, habitualmente conhecido como “piloto automático”. Não se trata apenas de alcançar resultados específicos, como relaxamento, mas sim de trazer uma consciência não julgadora ao estado do corpo e da mente, independentemente das expectativas de resultados.
Além da meditação formal, mindfulness inclui técnicas como mindfulness em movimento (como yoga e caminhada consciente) e breves períodos de meditação ao longo do dia. Nos últimos 25 anos, o treinamento em mindfulness tem sido integrado em clínicas hospitalares e comunidades, oferecendo programas de manejo da dor e redução do estresse, como o renomado Programa de Redução de Estresse Baseado em Mindfulness (MBSR).
Na prática clínica, mindfulness é central em terapias como a Terapia Comportamental Dialética (DBT) e a Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT), com aplicações documentadas na redução de níveis de ansiedade, distúrbios alimentares e prevenção de recaídas depressivas através da Terapia Cognitiva Baseada em Mindfulness (MBCT).
Apesar dos benefícios evidentes, há desafios significativos, como o risco de aplicação inadequada das técnicas de mindfulness. Portanto, compreender suas aplicações adequadas e os desafios associados é essencial para uma prática clínica informada e eficaz neste campo emergente da psicoterapia contemporânea.
REFERÊNCIA:
MELBOURNE ACADEMIC MINDFULNESS INTEREST GROUP. Mindfulness-based psychotherapies: A review of conceptual foundations, empirical evidence and practical considerations. The Australian and New Zealand journal of psychiatry, v. 40, n. 4, p. 285–294, 2006.
Escrito por: Ananda Toledo