O masking, ou camuflagem, é uma estratégia utilizada por muitas pessoas autistas para esconder ou disfarçar características do Transtorno do Espectro Autista (TEA), com o objetivo de se adequar às normas sociais e evitar estigmas. Esse fenômeno é especialmente prevalente em mulheres, que frequentemente recebem diagnósticos de autismo mais tarde na vida, devido a uma série de fatores, incluindo preconceitos de gênero e diferenças na apresentação dos sintomas.
Mulheres que apresentam o fenótipo autista, principalmente aquelas que recebem um diagnóstico de maneira tardia, tendem a apresentar diferentes dificuldades sociais, de comunicação e sensoriais, o que nos enfatiza a importância do diagnóstico do TEA para mitigar riscos e melhorar a qualidade de vida.
É imprescindível discutir sobre o viés de gênero no diagnóstico, visto que, em comparação com os homens, para serem diagnosticadas, as mulheres tendem a precisar demonstrar os sintomas de modo mais intenso, além de déficits cognitivos e comportamentais mais graves e assim, cumprirem os critérios do do DSM-5 para TEA, levando a diagnósticos tardios e suporte associado.
Os esforços para camuflar as características do espectro autista incluem a adoção de habilidades sociais neurotípicas através de aprendizado autodidata prolongado, observação cuidadosa de como os pares se comportam, leitura de livros de Psicologia, imitação de personagens fictícios e aprendizado por tentativa e erro em situações sociais. Além disso, há potenciais impactos negativos do processo de camuflagem, como exaustão constante, confusão sobre sua própria identidade, vulnerabilidade à manipulação e abusos.
Muitos indivíduos diagnosticados com TEA procuram reduzir o risco de isolamento social, bullying ou discriminação por meio de estratégias de camuflagem, acarretando efeitos adversos, tais como falta de autoaceitação e sensações de dissociação. Além disso, o trauma psicológico é uma consequência adicional da discriminação e do bullying, podendo contribuir para a maior prevalência de distúrbios de saúde mental entre pessoas autistas em comparação com indivíduos neurotípicos.
Desse modo, conclui-se que, a estratégia de camuflagem e os problemas internalizantes são fatores muito marcantes para a ocorrência do diagnóstico tardio em mulheres, e é necessária a implementação de medidas que visem a prevenção dos danos em indivíduos que passaram por esse diagnóstico, principalmente mulheres. Assim, é possível contribuir para minimizar os sofrimentos pessoais e prevenir a discriminação contra pessoas com TEA. A conscientização e a educação sobre o espectro autista são essenciais para promover a aceitação e o apoio adequado, garantindo que essas mulheres possam viver de maneira mais autêntica e plena.
REFERÊNCIAS
BARGIELA, S.; STEWARD, R.; MANDY, W. The Experiences of Late-diagnosed Women with Autism Spectrum Conditions: an Investigation of the Female Autism Phenotype. Journal of Autism and Developmental Disorders, v. 46, n. 10, p. 3281–3294, 25 jul. 2016.
Escrito por: Ana Carolina Ferreira e Ananda Toledo