Os transtornos mentais, como a depressão, são uma preocupação global, afetando profundamente a vida dos indivíduos e suas famílias. A depressão é um transtorno complexo, caracterizado por sintomas como tristeza persistente, anedonia (perda de prazer), alterações no peso e sono, e ideação de autoextermínio. Tendo isso em vista, a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) tem sido eficaz no tratamento da depressão, e dentro dessa abordagem, a ativação comportamental se destaca como uma ferramenta valiosa.
A ativação comportamental é uma técnica usada para ajudar na melhora dos sintomas depressivos, focando na promoção de atividades que possam trazer prazer e significado para a vida do paciente. Essa abordagem busca interromper o ciclo de esquiva e ruminação que caracteriza a depressão, incentivando o engajamento em atividades que podem melhorar o estado emocional e aumentar a sensação de realização pessoal. Pode-se, por exemplo, definir objetivos simples e diários, como lavar roupa, cozinhar, fazer compras e atividades sociais, além de incentivar os pacientes a anotarem os efeitos das atividades programadas no seu humor. Com o passar do tempo, é necessário incentivar os pacientes a adquirirem e desenvolverem as habilidades que lhes permitem estabelecer e manter contato com fontes diversas e estáveis de reforço positivo, para que as atividades sejam mantidas e melhoradas.
A técnica baseia-se na premissa de que a depressão frequentemente impede o paciente de se envolver em atividades que são normalmente gratificantes. A ativação comportamental trabalha para reverter esse ciclo, ajudando o paciente a identificar e participar de atividades agradáveis e significativas. Isso é feito através do agendamento de tarefas, monitoramento de atividades e estabelecimento de metas tangíveis que se alinhem com os valores e interesses do paciente.
Estudos da “Research, Society and Development” mostram que a ativação comportamental pode ser tão eficaz quanto a medicação no tratamento da depressão, com benefícios duradouros e menos recaídas. Além disso, a ativação comportamental pode ajudar a prevenir novos episódios depressivos, podendo ser utilizada em combinação com a medicação.
Além disso, a personalização do tratamento é essencial, e a abordagem deve ser adaptada às necessidades e circunstâncias específicas de cada paciente. A colaboração entre terapeuta e paciente é crucial para superar barreiras e manter o engajamento no tratamento.
A contínua pesquisa e o desenvolvimento de novas estratégias para a ativação comportamental são necessários para aprimorar a eficácia do tratamento e explorar sua aplicação em diferentes populações, como idosos e crianças. A ativação comportamental representa um avanço significativo no tratamento da depressão, oferecendo uma abordagem prática e orientada para a ação que pode melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Em relação às possíveis limitações da ferramenta, é importante destacar que nenhuma quantidade de ativação comportamental individual, exposição ou treinamento de habilidades pode, por si só, alterar o passado do cliente. Contudo, esses pacientes tendem a ficar melhor preparados para transformar suas circunstâncias, tanto atuais quanto futuras. Ao aprender a minimizar agravamentos, reduzir sintomas e comportamentos problemáticos, e a desenvolver suas habilidades em diversas áreas, eles se tornam mais aptos a melhorar suas vidas e a exercer uma influência positiva sobre as pessoas ao seu redor.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ALVES, K. I.; BONVICINI, C. R. O papel da ativação comportamental no manejo dos sintomas depressivos. Research, Society and Development, v. 11, n. 1, p. e15311123711, 2022.
Escrito por: Ana Carolina Ferreira e Ananda Toledo