O Setembro Amarelo é uma campanha fundamental para promover a conscientização sobre a importância da saúde mental e a prevenção ao suicídio. Neste mês, voltamos nosso olhar para um tema muitas vezes cercado por estigmas e silêncios, mas que precisa ser abordado de maneira aberta e acolhedora. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 700 mil suicídios são registrados anualmente no mundo, o que representa cerca de 1% de todas as mortes globais. No entanto, acredita-se que esse número seja ainda maior, ultrapassando 1 milhão de ocorrências por ano, devido à subnotificação de casos.
A Terapia Cognitiva Comportamental é uma abordagem psicoterapêutica estruturada e eficaz para diversos transtornos psiquiátricos, baseada na premissa de que emoções e comportamentos são influenciados pelas percepções e interpretações dos eventos (Beck et al., 1997). Na TCC, pensamentos automáticos e esquemas desempenham papéis centrais: os pensamentos automáticos surgem imediatamente durante a avaliação de eventos, enquanto esquemas são crenças profundas que orientam o processamento de informações (Wright et al., 2008). O objetivo é modificar as cognições disfuncionais e fomentar processos de pensamento adaptativos. Sendo assim, A TCC aplicada a pacientes suicidas apresenta semelhanças com o tratamento de depressão e transtornos de ansiedade, focando na modificação da ideação suicida e na promoção de esperança (Wenzel et al., 2010).
Com a crescente conscientização sobre a saúde mental, é essencial que as pessoas entendam que há tratamentos eficazes disponíveis para aqueles que lutam contra pensamentos suicidas e transtornos mentais. Entre as abordagens baseadas em evidências estão:
1. Terapia Comportamental Dialética (TCD)
A Terapia Comportamental Dialética é uma abordagem especialmente útil para pessoas com transtornos de personalidade, especialmente o transtorno de personalidade borderline. Essa técnica tem como foco ajudar o indivíduo a regular suas emoções intensas, lidar com a impulsividade e desenvolver habilidades sociais mais saudáveis. A TCD tem mostrado ser eficaz na redução de comportamentos suicidas ao oferecer uma estrutura que equilibra aceitação e mudança.
2. Terapia Cognitiva
A Terapia Cognitiva é outra abordagem amplamente utilizada e eficaz na prevenção ao suicídio. Ela trabalha a modificação de pensamentos distorcidos e negativos, que frequentemente contribuem para o desespero emocional. Ao ajudar os pacientes a identificar e questionar esses padrões de pensamento, a Terapia Cognitiva pode proporcionar novas maneiras de lidar com os desafios da vida, fortalecendo a resiliência emocional.
3. Tratamentos Psicossociais para Adolescentes
Adolescentes são uma população particularmente vulnerável ao risco de suicídio. Os tratamentos psicossociais, que envolvem intervenções terapêuticas combinadas com apoio social, têm se mostrado eficazes para jovens em risco. Essas abordagens buscam promover uma rede de suporte e acolhimento, trabalhando tanto com o adolescente quanto com sua família, com foco no desenvolvimento de habilidades de enfrentamento e no fortalecimento de laços sociais.
4. Farmacoterapia
Em alguns casos, a farmacoterapia pode ser um componente essencial no tratamento da depressão severa e de outros transtornos mentais que aumentam o risco de suicídio. Antidepressivos e estabilizadores de humor, por exemplo, podem ser prescritos por profissionais de saúde mental como parte de um plano de tratamento integrado. A farmacoterapia, quando bem monitorada, pode ajudar a estabilizar o humor e reduzir significativamente o risco de comportamentos suicidas.
O Setembro Amarelo nos lembra que a prevenção ao suicídio começa com conversas abertas e sem julgamentos. Quebrar o estigma em torno da saúde mental e encorajar as pessoas a buscarem ajuda quando necessário é essencial para salvar vidas.
A conscientização, combinada com tratamentos eficazes, oferece um caminho de esperança para aqueles que estão enfrentando momentos difíceis.
Referências bibliográficas:
BECK, Aaron T. et al. Terapia Cognitivo-Comportamental para Pacientes Suicidas. 1. ed. [S. l.]: Artmed, 2010. 304 p.
Escrito por: Ana Carolina Ferreira e Ananda Toledo