Diário de bordo de uma terapeuta: relatos de experiência de como foi conduzir um grupo para treino de habilidades sociais com adolescentes autistas

Vou relatar a vocês minha experiência conduzindo um grupo de habilidades sociais com adolescentes autistas de nível 1, o Autistas Anônimos – nome dado pelos próprios adolescentes. Minha primeira experiência de terapia em grupo. Quando comecei estava ansiosa e animada. Os livros não te preparam para essa experiência. Lidar com 4 adolescentes já seria um desafio, mas 4 adolescentes com características tão diferentes, mesmo estando no mesmo espectro, foi muito mais desafiador do que eu imaginei.

Iniciamos o grupo com 3 meninas e 1 menino e já esbarramos no primeiro desafio. O grupo foi pensado para conter 2 meninos e 2 meninas, a fim de criar um equilíbrio entre ‘desconforto’/conforto. As 3 meninas já tinham sido minhas pacientes em momentos diferentes. Porém, a dinâmica funcionou melhor do que esperávamos. Os jovens se encontraram nas suas diferenças, o que criou um clima de muita camaradagem.

Outro grande desafio foi a escolha dos instrumentos. Quando iniciamos, não tínhamos materiais estruturados para nível 1 de suporte. Muitos materiais já existentes não motivariam os jovens, e por isso, tivemos que adaptar e criar materiais para nossos jovens. Como é de se esperar ao lidar com adolescentes, algumas sessões não saíram como planejado, por diversos motivos. Aprender a lidar com essas situações foi um dos grandes desafios pessoais já que para a minha cabeça ansiosa isso significava o fim do mundo – mesmo que tudo desse certo ao final e a sessão ocorresse até melhor do que o planejado, o que de fato acontecia. Disso tudo tirei um grande aprendizado:

 

Pela minha experiência clínica eu já sabia que ao lidar com pacientes autistas, no meu caso Nível 1, eu precisava estar sempre aberta e ser flexível com relação a demandas e adaptações, porque mesmo que a demanda pareça igual na teoria, na prática cada indivíduo vivencia aquele ‘critério diagnóstico’ de uma forma diferente. E com esse grupo não foi diferente.

Dentro de um grupo de treinamento de habilidades sociais, as dificuldades apareciam das mais diferentes maneiras, e nosso papel era criar materiais que alcançassem a todos. Apesar das dificuldades, essa foi provavelmente a parte mais divertida de todo processo. O engajamento dos jovens ao grupo foi muito maior do que esperávamos. Eles sempre traziam ideias de temas e dificuldades a serem trabalhadas e participavam de todas as dinâmicas. Além disso, quando um colega relatava alguma dificuldade, eles mesmo já se prontificavam a dar ideias de como resolver, dando exemplos de situações parecidas e se colocando a disposição para ajudar.

Pessoalmente, colocar na prática uma ideia tão bacana, que vinha sendo construída há tempos dentro da clínica, foi extremamente satisfatório. Eu poderia escrever por horas sobre o motivo desse trabalho ser tão divertido e importante, mas alguns dos pontos mais relevantes foram:

  • A experiência no manejo de diferentes comportamentos no contexto de grupo;
  • A quebra diária de preconceitos sobre adolescentes dentro do espectro.

Devido ao sucesso da primeira turma que estamos abrindo vagas para a segunda turma do grupo de treinamento em habilidades sociais! Para mais informações, entre em nosso Instagram (@neuropsicoterapiabh) ou me envie uma mensagem (wa.link/v3okzu).

Além disso, construímos alguns materiais que enriqueceram a experiência clínica e agregaram valor na experiência desta pratica grupal. Aproveito para deixar um material que usamos nas sessões iniciais. Esse é um diagrama que mostra o passo a passo para iniciar e manter uma conversa. Clique aqui e faça o download gratuito.

Nos conte o que achou!

Com carinho,

Nathália Cheib

Mestra em Medicina Molecular /UFMG

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