Meu aluno tem TDAH e agora?

O TDAH (Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade) é um transtorno do neurodesenvolvimento, tendo como causa uma grande influência genética e que fará parte da vida do indivíduo por toda a sua vida. De acordo com a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), a incidência de TDAH, em nível mundial, é de 5% a 8%.

Para os desavisados: não existe “cura”. O transtorno é passível de tratamento. Existem suportes e estratégias que vão promover o desenvolvimento deste indivíduo. O TDAH não é uma escolha, não é “manha”, não um sujeito “mimado”, mas uma alteração do funcionamento cerebral que precisa ser levada a sério. 

Crianças e adolescentes com TDAH  apresentam um perfil comportamental marcado por:

  • inquietude;
  • Maior nível de impulsividade;
  • dificuldade de concentração;
  • dificuldade de organização e planejamento

Tais características influenciam diretamente, de forma negativa, o desempenho acadêmico destes alunos. É fundamental entender que o TDAH está relacionado às questões comportamentais que interferem diretamente nas funcionalidades do sujeito no mundo, logo, se pensamos em crianças e adolescentes em idade escolar, interferem diretamente na aprendizagem. 

Conhecer e entender o TDAH é o primeiro passo para que este transtorno, dentro do ambiente escolar, não seja a causa de um baixo desempenho ou de problemas relacionais.  Aprender não é uma tarefa fácil! Requer esforço, empenho, atenção, concentração do indivíduo. Tudo isso para um aluno com TDAH pode ser um grande desafio. 

Frequentemente ouvimos pelos corredores que o aluno com TDAH precisa de:

  1.  Mais tempo para realizar uma tarefa;
  2.  Atividades com comandos; 
  3. Rotina bem estruturada; 
  4. Feedback mais rápido; 
  5. Usar imagens, entre outras ações. 

Mas apenas essas ações são suficientes? As “cartilhas” apenas não dão conta da complexidade que é um transtorno específico. 

Todos nós que estamos “dentro dos muros da escola” já ouvimos e lemos essas dicas diversas vezes, porém, repetir uma ação específica não é favorecer a inclusão. Para  proporcionar um ambiente escolar inclusivo precisamos nos munir de orientações técnicas que nos possibilitem desenvolver estratégias específicas para cada aluno. Por exemplo, podemos perceber que todas as orientações citadas acima têm como foco um dos principais elementos no processo de aprendizagem: a Memória de TRABALHO. 

Entender este funcionamento não deixa o professor refém apenas de sugestões de práticas, mas possibilita que ele, ao perceber que, para o bom desenvolvimento de alunos com TDAH é preciso propor uma redução da sobrecarga da memória de trabalho, construa uma intencionalidade para sua ação.

Este é o caminho que a escola e os professores devem seguir: pensar no todo, de forma técnica, e não em ações isoladas. Conhecer o transtorno é fundamental para a construção de uma ação inclusiva.

Os professores precisam compreender que seu papel, se bem embasado tecnicamente, é muito importante no processo de observação dos comportamentos de um indivíduo com TDAH, bem como no desenvolvimento deste. 

Por fim, é válido destacar que o TDAH não deve ser considerado apenas dentro do ambiente escolar. O sucesso do um desenvolvimento de um sujeito com TDAH está no alinhamento das ações em casa, dos acompanhamentos psicológicos e dos demais profissionais. A inclusão escolar de uma aluno com TDAH somente acontecerá se considerarmos o desenvolvimento em todos os aspectos da vida deste.

Prof. André Júlio- Costa

CFEP 19 002061