Por que o diagnóstico de TDAH não é feito a partir de teste de atenção?

Muitos pensam que realizar testes de atenção e funções executivas é necessário e suficiente para um diagnóstico de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Inclusive, a testagem é um dos principais motivos de encaminhamento para este diagnóstico.

 

No entanto, o diagnóstico de TDAH é feito principalmente com base na observação do comportamento e no relato dos pais e da equipe multidisciplinar que acompanha o paciente. Um desempenho inferior nos testes aplicados no contexto de avaliação neuropsicológica não é suficiente para concluir que o indivíduo tenha dificuldades de atenção no dia a dia, até porque desatenção pode ter diversos significados:

  • desinteresse
  • cansaço
  • ansiedade
  • dentre inúmeros outros estados mentais, físicos ou comportamentais

 

Além disso, apesar do nome do transtorno contemplar atenção e hiperatividade, o grande foco do diagnóstico do TDAH é compreender se há ou não um déficit de autorregulação, o que nem sempre é evidenciado pela desatenção.

 

Mas, afinal, o que é a autorregulação e como podemos identificá-la?

 

A autorregulação é o nosso “freio”, o que utilizamos para controlar os nossos pensamentos e ações diárias.

 

Em uma aula importante, por exemplo, precisamos controlar a nossa mente e o nosso corpo para permanecermos sentados e centrados no que está sendo exposto, mesmo diante de diversos estímulos distratores. Essa habilidade nada mais é do que a autorregulação. 

 

Nenhum teste, por si só, é capaz de avaliar precisamente se há ou não um déficit de autorregulação. Alguns especialistas afirmam que os testes que avaliam as funções executivas, por exemplo, não englobam de forma eficaz aspectos da realidade cotidiana, incluindo tanto os aspectos de cunho emocional, como os mais práticos (gestão de tempo, organização financeira, etc.) na vida do indivíduo. Apesar de serem instrumentos complementares ao diagnóstico, cerca de 87% das pessoas com TDAH não apresentam nenhuma alteração nesses testes, portanto o raciocínio clínico é definitivamente a parte mais importante do diagnóstico. 

 

Para tal, é preciso se atentar aos sintomas e comportamentos do paciente no contexto clínico, em conjunto com as informações acerca de seu histórico do desenvolvimento e histórico escolar, para além dos relatos de pais, professores, e da equipe multidisciplinar que o acompanha. Também é recomendado o uso de escalas de avaliação de sintomas de TDAH, tanto as de auto, como as de heterorrelato, para complementar o diagnóstico.

 

Precisa de ajuda?

Agende uma supervisão ou confira nossos cursos.